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Educação

Por que a autonomia é o presente (e o futuro) da Educação?

By junho 6th, 2025No Comments

Por que a autonomia é o presente (e o futuro) da Educação?

Desde a minha formação em Magistério, sempre ouvimos falar sobre a importância de educar estudantes de forma integral. Por muito tempo, o conceito de Educação Integral foi entendido apenas como a permanência do estudante na escola durante todo o dia — uma associação direta com tempo e espaço.

Com o passar dos anos, esse entendimento foi se ampliando. Hoje, falamos em formar estudantes preparados para um mundo globalizado, com profissões que sequer conhecemos ainda, e que, em breve, estarão à disposição dessa nova geração.

Muitas escolas trazem em sua missão e valores a formação de um estudante autônomo. Mas, afinal, o que significa ser autônomo?

A palavra autonomia vem do grego, da junção de autós (si mesmo) e nómos (lei), ou seja, significa a capacidade de governar-se por si mesmo, de criar e seguir suas próprias leis com responsabilidade. Mas autonomia vai muito além de saber realizar tarefas sozinhos. Ser autônomo é também saber conviver, dialogar, estabelecer limites e resolver situações-problema de forma ética e respeitosa.

Autonomia se ensina e se desenvolve.

Muitos de nós fomos criados por gerações que ensinavam desde cedo a importância de cuidar do próprio espaço: arrumar o quarto, guardar os brinquedos, organizar a mochila ou a cama. Houve quem visse isso como uma forma de exploração — “criança tem que ser criança!” — e sim, isso é verdade. Mas será que ensinar uma criança a cuidar do seu espaço e pertences não contribui para o desenvolvimento do pensamento organizado e da autorresponsabilidade?

Pedir que a criança arrume seus brinquedos após brincar não é sobre impor tarefas, mas sim sobre ajudá-la a compreender o valor da organização, da responsabilidade e da colaboração. Crianças que desenvolvem essas habilidades desde cedo tendem a se tornar adultos organizados — no trabalho, nos sentimentos, na vida.

Pesquisas apontam que estimular a autonomia desde a infância contribui para a formação de adultos críticos, conscientes e responsáveis por suas atitudes. E, ao observarmos a realidade, percebemos os reflexos da ausência dessa formação: quantos estudantes não sabem amarrar os próprios sapatos? Quantos adolescentes não conseguem estruturar uma redação — uma habilidade essencial para processos seletivos e desafios acadêmicos?

A autonomia começa nas pequenas ações do dia a dia: ao abrir a própria lancheira, ao expressar sentimentos, ao escutar o outro, ao respeitar os combinados de convivência dentro da sala de aula. Essas experiências cotidianas constroem uma base sólida para a vida em sociedade.

Na Lumiar, a autonomia é estimulada desde muito cedo. Já com 1 ano e meio, os estudantes aprendem a falar sobre si, a respeitar o colega, a participar da construção dos combinados da turma — que são valorizados e respeitados por todos. Essa vivência não é apenas um exercício escolar, é a preparação real para a vida em comunidade.

Mas, e quando os combinados não são respeitados? Há punição?

Não acreditamos que a punição seja o caminho. Conscientização também é autonomia. Ensinamos nossos estudantes a refletir sobre suas atitudes, a compreender o impacto de suas ações sobre os outros, a dialogar e a resolver conflitos de forma não violenta e construtiva.

Ouvir o estudante vai além do ato de escutar. Significa garantir que ele se sinta seguro para falar, que saiba nomear o que sente e que tenha recursos para lidar com os conflitos que inevitavelmente surgirão ao longo da vida.

Educar com autonomia é educar para a vida.
É formar indivíduos inteiros, capazes de construir relações saudáveis, de tomar decisões conscientes e de contribuir positivamente com o mundo ao seu redor.